junho 24, 2002

Onde mora o perigo??


A miséria é triste na televisão, mas é tolerável. (Afinal, aperta-se um botão e muda-se imediatamente para um documentário sobre Hollywood ou os leões-marinhos da Patagônia.) A miséria nas esquinas distantes é triste, mas tolerável. (Afinal, basta não olhar para o lado.) Mas a miséria assim, debaixo dos nossos narizes é insuportável. Afinal, não dá para mudar de canal.

O pessoal do prédio ao lado (um desses modernos, com cerca eletrificada, câmeras, sabe?) formou uma associação. Mandaram uma circular para todos da região. Entre os objetivos, vagos e abstratos, que deveriam ser atingidos pelo grupo, havia um que me chamou a atenção: “reurbanização do viaduto”. Leia-se: expulsar esses miseráveis do nosso raio de visão e garantir que não voltem nunca mais.

Não sei como fizeram, mas da noite pro dia, os mendigos sumiram. Os comerciantes da região pagaram a reforma do local e, onde antes ficavam os mendigos, fizeram belos canteiros. Além dos canteiros, a comissão contratou um segurança, que fica de lá pra cá na rua, 24 horas. O bairro respirou mais aliviado. Até a semana passada...

Terça-feira, 9h da noite. Ouço gritos desesperados. Saio de casa, ao mesmo tempo em que quase todos os meus vizinhos. Os gritos vinham do prédio ao lado (o mesmo que criou a associação). “Chama a polícia! Ele ta matando ela! Socorro!”

A polícia chega e entra no prédio. A população de curiosos (eu lá no meio) espera no meio da rua. O criminoso sai acompanhado por três policiais. É branco, grisalho, veste calça social , camisa azul e gravata. As coisas começam a fazer sentido. A voz que gritava era da filha. O pai, encolhido no camburão, estava espancando a esposa. Segundo os vizinhos, não era a primeira vez. Mas essa noite devia estar com o humor abalado e tentou matar a mulher, sufocando-a.

Não sei que fim levou a história. Não tenho idéia se o covarde está agora num flat, na casa de um irmão ou se, enquanto escrevo esta crônica, dorme tranqüilamente ao lado de sua refém, perdão, esposa. Os mendigos foram expulsos e não sei se agora então vivos, mortos ou se, enquanto escrevo essa crônica, dormem em baixo de algum viaduto. Se dormem, dormem um sono pouco tranqüilo. estamos todos preocupados com a violência, eles também. Afinal, a qualquer hora podem chegar os capangas, uniformizados de seguranças particulares, e enxota-los daquele lãs improvisado.

e se na verdade, pensando que estamos nos protegendo, estivermos atacando? E se, na verdade, nós formos os perigosos? Quando o camburão, levando o belo pai de família, cruzou com os belos canteiros, essas idéias me vieram à cabeça. Alguma coisa está bem errada, né? Ou você acha que tá beleza?

(por Antonio Prata, revista Capricho, 23 de setembro de 2001)

junho 18, 2002

E a Coréia? Quem diria....
A Itália correu, correu... mas não levou....

Life is weird sometimes.

junho 12, 2002

Jony era um professor de Química muito curioso! Sempre lia aqueles bilhetinhos que os alunos passam durante a aula, mas isso não porque o incomodava, mas por não aguentar não saber o assunto da conversa. Certo dia, numa aula para o terceiro ano, ele pegou um bilhetinho no chão e o desdobrou com tanta rapidez que nem a velocidade da luz alcançaria (agilidade adquirida durante os 30 anos de magistério). Mal acreditava no que seus olhos estavam vendo:

"To comendo a mulher
do professor de química."


A raiva tomou conta de seu rosto e careca. Um grito ecoa pela sala:

_Quem escreveu isto?

O pagode que rolava ao fundo da sala parou, as pessoas da fila do canto que jogavam adedanha pararam cm os dedos esticados em meio a um circulo formado por elas... todos desolados com a reação do professor. Ele esperava uma resposta.

A diretora Magristela, rádio, TV, Discovery Channel, todos tentavam resolver o problema. Lágrimas rolavam pelo rosto rechonchudo de Jony. Um casamento de 32 anos acabado por causa de um daqueles alunos idiotas.

Jony tentava presumir quem era o "Ricardão". Amauro era sonolento demais, o professor sabia que sua mulher exigia muito. Denílson era viciado demais em futebol para pensar em outra coisa. Guilhermino era muito fraquinho, a esposa do professor gostava de homens massudos... não haviam qualidades suficientes em nenhum dos alunos para que fossem amantes da querida de Jony.

A pressão para que houvesse uma confissão foi tanta que Arquivo se levantou e disse:

_Não fui eu que escrevi isso não, mas já tracei do professor sim.

_O que? - disse Dingão Laden - mas eu também...

_Seus desgraçados - levantou-se Grinch - ela disse que eu era o único!

Uma enorma discussão começou entre os alunos e ninguém percebeu quando o professor passou pela porta... ou tentou, sua barriga e chifres impediam um pouco... mas o importante é que foi embora e nunca mais se ouviu falar dele.

junho 08, 2002

Carta ao senhor Deus


Nunca entendi essa parada de "Foi a vontade de Deus"(ou de Ahlá, se tiver mais na moda). Quer dizer que Você que escolhe tudo? Você que escolheu que o Belo nascesse pobre, virasse pagodeiro e depois traficante?... Poxa, como Você é mau com alguns... três desgraças numa única vida... Espero que eu não seja pobre, funkeira e prostituta na próxima reencarnação.