maio 26, 2003
Felipe sofre com seus problemas de física, nem mais o Papagaio o interessa. Luccas, seu super amigo, abandonou-o devido a obsessão de Felipe pelos números, pelas contas, estava a ponto de enlouquecer, quando o Papagaio disse “Basta!”, e mandou Felipe decidir.
_Ou a física, ou Luccas, ou eu! Cansei de te dividir!
E Felipe decidiu se esconder debaixo da mesa, refletindo sobre sua vida que anda sem rumo.
Pai Lelê percebendo o tormento mental que Felipe sentia, decidiu ajuda-lo com suas palavras de luz e sabedoria, dizendo:
_Siga o seu coração, só ele tem as respostas para o seu tormento.
Desde então Felipe permaneceu em silêncio, em busca do seu EU interior e isso tudo com a ajuda constante e monitorada de Pai Lelê. Até que Felipe resolveu viajar:
_Quero sumir! Será mais fácil decidir minha vida longe daqui... longe do Luccas, do Papagaio... da persiana!
Viajou pra Amazônia e lá foi fazer um passeio de balsa.
Na balsa muitos papagaios apareciam, mas nenhum com a doce e singela presença do Papagaio. Finalmente Felipe descobriu o que estava no âmago do seu coração, a imagem do Papagaio não saia de sua cabeça, mas mesmo com saudades do Papagaio, o que ele sentia mais falta eram dos problemas de física. Resolveu voltar pro Alquimia decidido a tomar um rumo na vida.
Já possuído pela saudade obcecada dos seus amores: Papagaio e Física, Felipe voltando pro Alquimia teve uma idéia. Felipe resolveu ensinar física para o Papagaio e assim o casal compartilharia do prazer duplo proporcionado pela física. Porém, o Papagaio, desprovido de nossa encefálica suficiente para a compreensão da física, não consegue acompanhar o raciocínio de Felipe. Começam as brigas conjugais.
O Papagaio querendo que Felipe reconhecesse suas necessidades de um simples animal, cujo único prazer era agradar o seu companheiro, ouvindo todas as suas lamúrias, compartilhando de suas alegrias e o incentivando com palavras doces.
No entanto, Felipe não correspondia como deveria ao Papagaio, e num ataque súbito de desespero de carência e incompreensão por parte daquele que amava, resolveu suicidar-se. Foi quando aconteceu o pior: Felipe vendo seu amado em decadência resolve jogar-se antes do Papagaio.
_Se você for eu irei antes de ti! Não posso viver com sua ausência meu amor! – Felipe falou.
Então o Papagaio refletiu:
_Não! Não pode fazer isso e nem eu posso te privar de ser pai! Oh! Querido, estou grávido e pro isso estou tão conturbado! – disse o Papagaio em desespero.
Os dois se abraçaram fazendo promessas de amor.
Eis que surge, subitamente, Luccas. Os olhos injetados de raiva, ciúme e revolta, com uma faca nas mãos, degolou o Papagaio, esquartejou Felipe e após fritar o celebro dos dois e comer, tomou comprimidos e dormiu para todo o sempre.
maio 13, 2003
maio 12, 2003
maio 11, 2003
Certo dia fui buscar meu filho no colégio. O caminho, como sempre, apresentava a beleza das árvores, o frescor do vento, a agitação alegre das pessoas. Fui parada, empurrada. Num instante deseperado puxei munha bolsa... para ser sincera, só me lembro de poucos vultos. Não sabia, mas reagira a um assalto. Na minha reação, a ação do dedo que puxou o gatilho. Enquanto caia de dor só conseguia pensar no meu filho. Quem iria buscá-lo? Quem iria lhe dar o jantar? Quem iria dormir com ele? Cuidar dele? Quem iria criá-lo? Senti o impacto do chão, logo depois a poça de sangue que se formava ao meu redor. Morri, morri pois naquele dia morreu minha tranqüilidade, minha fé, esperança, minhas prespectivas, meus sonhos, que limitavam-se aos do meu filho. Já poderia morrer, já havia realizado meus poucos mas sinceros desejos. A força que me fez esperar a ambulância foi uma ceno do meu filho me dizendo: "Mamãe, quero serbombeiro quando crescer!". Meu medo é que ele não consigo crescer!
Éramos 5, ao todo. Eu, ele, a menina e os meninos. E o combinado foi: "dá um tapa e passa, a gente só tem esse!". E era assim, eu dava um tapa, queria dar amis, só que olhares de reprovação se dirigiam a mim. E aí era na pressão, mesmo. Tampando o nariz, pra que a onda fosse maior um pouco.
E eu senti que já não dava mais. Minha tosse aumentava. A ponta do meu dedo estava ardendo... e o som, lounge, e a fumaça, e as bebidas que antecederam a isso... uma certa confusão mental que eu não sabia distinguir. Era bom, ou ruim? Eu estou feliz? Que expectativa é essa?
Foi quando apareceu uma bala vermelha na minha mão. Não sei de onde veio. Foi pra minha boca. Depois, a boca dele quis a bala. Eu passei, como se estivesse passando o beck. Isso se repetiu mais vezes, só não sei dizer com quem a bala ficou. E nem o que eu fiz minutos depois.
Aqueles sofás eram grandes, e eu tava cansada, precisava dormir. Eu deitei no braço dele, e fiquei quietinha, ouvindo a música, a batida perfeita, o som entrava no meu ouvido e mexia com minhas percepções, era como se eu estivesse envolta numa energia que me deixava bem, só que mole, me cansava e eu só podia pensar num beijo ou num sonho. Eu precisava dormir. Eu precisava beijá-lo.
E eu virei pro lado e coloquei minha cabeça no pescoço dele, abraçada. Eu respirava, e puxava o ar lentamente, e ia alternando a respiração. Forte - lenta - profunda - mais lenta e assim ia contando o 1, o 2, o 3, o 4 e ia me sentindo respirar. Umas frases vinham na minha cabeça coordenadas com a respiração e o objetivo era fazê-lo ouvir a respiração, e deixá-lo arrepiado, e com vontade de me beijar. Só que ele já estava com essa vontade. Ele fazia carinho um pouco acima do meu peito, com suavidade e disfarce, e eu não podia deixá-lo parar ... segurei sua mão e acariciei, e depois deitei virada pra ele... eu afundava no sofá, mas na verdade queria me afundar nele.
Toquei seu peito, desci para a barriga, levantei sua blusa e repousei minha mão ali, em seu umbigo. Fiquei brincando ali, enquanto as palavras rodavam ao meu redor e a música continuava. Ele me confortou em seu ombro e beijou minha testa. Ele queria beijar a minha boca. Eu queria beijá-lo inteiro.
Senti um frio na barriga nesse momento,e minha respiração ficou mais rápida sem eu controlar. Tentei me aproximar mais do seu rosto. Não dava. Continuei curtindo o moneto, e acho que dormi ali. Não sei dizer, a recordação que eu tenho foi como se não tivesse acontecido, fosse apenas efeito do barato. Mas não foi.
O beijo não rolou.